domingo, 19 de setembro de 2010

Formas e Arquitetura - parte 2 de 2

Vou tentar explicar como é o processo de variação de temperatura de um corpo (que me perdoem os Físicos por imprecisões cometidas na minha explicação).

Um corpo é formado pela sua massa e a região ocupada por esta massa é limitada pela sua superfície. Um corpo tende a regular sua temperatura com a do ambiente. Se há uma mudança de temperatura do ambiente, a temperatura do corpo também irá mudar. Por exemplo, um litro de água dentro da geladeira terá uma determinada temperatura, igual à do interior da geladeira. Se o litro de água é deixado fora da geladeira, a temperatura da água ira aumentar, até se igualar à do ambiente.

O que é preciso entender neste processo é que a mudança de temperatura é feita através da superfície do corpo, ou melhor, a mudança de temperatura se dá com a troca de calor entre a massa do corpo e a do ambiente e isto é feito através da superfície. O que isto tem a ver com forma? Dependendo da forma do corpo, uma mesma massa pode estar limitada por superfícies de tamanhos diferentes. Daí, a troca de calor poderá ser feita com mais rapidez, no caso de uma superfície maior.

Para facilitar a nossa conversa, em vez de trabalhar com volumes e superfícies, veja a ideia passada no desenho a seguir, com áreas e perímetros. Na figura, veja como as duas regiões têm a mesma área, mas perímetro diferente (pode fazer isto por contagem mesmo :) ).

De modo geral, levando o problema de volta para dimensão 3, para uma mesma massa (mesmo volume), quanto mais sinuosa for a forma do corpo, com mais entradas e saídas, maior será a superfície do corpo.

Agora, o que esta conversa tem a ver com arquitetura. Imagine que o desenho anterior represente a planta de duas casas. Neste caso, vemos que as duas casas têm a mesma área de ocupação. Contudo, pelo perímetro de cada planta, temos que a segunda casa exigirá um gasto muito menor com a construção das paredes (se gastará menos com tijolo, cimento, massa e tinta). Neste caso, parece que o projeto da direita é muito melhor, não é?

Vamos juntar todas as informações que temos até aqui. Num projeto arquitetônico de casa, pode-se construir uma casa de mesma área, mas com formas variadas. Uma forma mais simples para o projeto parece ser a melhor opção, pois significa economia na construção da casa. Por outro lado uma casa mais fresca é um fator fundamental, principalmente em nosso país. Por exemplo, quanto mais fresca a casa, mais se economiza com ar condicionado. Como se obter uma casa mais fresca? Pelo que conversamos, basta escolher um projeto que tenha a maior superfície possível. Por exemplo, a forma da casa deve ter várias entradas e saídas (como no desenho da esquerda, acima), deve ter as paredes altas e telhados com grande inclinação. Enfim, deve-se procurar projetar uma casa com a maior superfície possível. É claro que uma superfície maior significa maior gasto na construção, mas significa também maior economia com ventilador e ar condicionado, além de bem estar.

Sugiro um teste. Só por curiosidade, pergunte a um arquiteto sobre estas questões. Veja se ele sabe do valor que a forma de uma casa tem para este tipo de questão.

E agora, será que você sabe dizer quem sente mais frio, o pai ou o filho, e saber explicar o porque?

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